Goes contabilidade

Creio firmemente que o sucesso não é alcançado somente com esforço e cumprimento de objetivos, o bom relacionamento é uma ferramenta indispensável para que possamos atingi-lo. Ninguém atinge o sucesso sozinho, cada ser humano tem seu valor e deve ser respeitado. Acredito que ninguém “chega lá” passando por cima desses valores.

Boa Leitura

  • Leila Navarro

Assertividade, iniciativa, competitividade, foco no resultado, objetividade, autonomia. Estes são valores em alta no mundo do trabalho, e quem quiser ter sucesso profissional precisa incorporá-los ao seu modo de ser. Mas cuidado: se identificar demais com eles pode transformar você num trator que passa por cima de tudo e de todos – inclusive de alguns aspectos de si mesmo – na busca pelo sucesso a qualquer preço.

E não é difícil que isso aconteça, porque o mundo moderno valoriza e estimula a intensa dedicação à carreira profissional. .. As pessoas abraçam de tal modo aqueles valores que, sem perceber, começam a cometer exageros. Por achar que têm de ganhar sempre, estão sempre competindo, se impondo, querendo provar o quanto são eficientes. Têm pressa de resolver as coisas, pressa de fazer acontecer, pressa de atingir as metas. Tornam-se impacientes, cheias de expectativas, calculistas. E ansiosas, é claro.

Ninguém é capaz de deter o profissional trator! Objetivo ao extremo, ele só enxerga o que lhe interessa e ignora os interesses dos outros. Autônomo até as últimas consequências, não considera as opiniões alheias e quer fazer tudo do seu jeito. Competitivo por excelência, não hesita em passar por cima de alguém se achar que isso é necessário para atingir seus objetivos. Ávido por resultados, quer que tudo aconteça no seu tempo que, aliás, é muito mais acelerado do que o tempo dos outros. Não é fácil conviver com alguém assim no ambiente de trabalho – especialmente quando se trata de alguém que dá certo.

Afinal, se o profissional bate as metas determinadas pela empresa , qual é o problema?

Não há nada de errado! Ele tem razão e ponto final!

Não é à toa que uma pessoa bem-sucedida na profissão com este comportamento pode viver durante um bom tempo achando que as coisas têm mesmo de ser assim. Ela se considera poderosa, valorizada e aceita. Acha que conseguiu provar para o mundo que é alguém de valor. Acontece que para “chegar lá” e “se manter lá” é preciso fazer escolhas lógicas para sua mente que, muitas vezes, vão contra seus sentimentos. Para permanecer centrada em si, ela ignora aquela necessidade tão humana de ter vínculos com as outras, ou seja, com seu trator, ela soterra a própria sensibilidade e o desejo de viver em harmonia com os demais. É como se anestesiasse uma parte do corpo que pode doer antes que doa…

Como palestrante e estudiosa do comportamento humano, percebo que muitas pessoas vivem assim e acham que têm de ser assim até que algo acontece na vida delas e as fazem perceber que se isolaram, se endureceram e perderam a capacidade de se relacionar. Geralmente, é um conflito sério com pessoas do trabalho ou mesmo da família, o afastamento dos amigos ou um grande fracasso amoroso…

Eu mesma passei por isso! Madura, divorciada há muitos anos e realizada profissionalmente, me sentia plena e bem-resolvida. Sem perceber, acabei restringindo meu modo de ser aos comportamentos que se esperam de uma mulher que persegue o sucesso no mundo dos negócios. Então, me envolvi afetivamente com alguém… E o resultado foi uma catástrofe! Eu vivia num “piloto automático” de reações e atitudes que funcionavam no trabalho, mas não num relacionamento amoroso. Essa frustrante e reveladora experiência me inspirou a escrever o livroGrandes egos não cabem no avião (Editora Letraviva), no qual discuto o desequilíbrio em que colocamos nossa vida quando perseguimos o sucesso a qualquer preço.

Por outro lado, felizmente, vejo também que as pessoas começam a questionar o modelo de comportamento competitivo- racional- individualista, que pode até trazer resultados na carreira profissional, mas às custas de muitos desgastes e conflitos com as outras e consigo mesmas. Algumas já procuram um ponto de equilíbrio entre autonomia e parceria, objetividade e sensibilidade, competitividade e colaboração, assertividade e capacidade de perceber as necessidades dos outros.

Tenho certeza de que o caminho que leva ao sucesso profissional deve passar por este equilíbrio – ninguém pode ir muito longe agindo como um trator porque o trator é uma máquina, e máquinas quebram….

O ser humano não tem que quebrar, mas sim funcionar com harmonia e leveza, sem atritos e nem desgastes.

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